quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O Jesus do SUS e o Espírito do Natal



 José era um humilde carpinteiro em obras da construção civil, trabalhador e muito responsável com sua família. Fazia o que podia por ela, mas seus recursos eram poucos e não era tanto o que podia fazer.

Maria era uma pobre mulher simples, criada no interior, bem no sertão, no Vale do Jequitinhonha. Era analfabeta, não sabia fazer um “o” com um copo, assinava com sua digital. Mesmo grávida lavava as roupas das madames e carregava as trouxas na cabeça sob um sol escaldante.

O casal estava muito feliz com o primeiro filho que ia chegar. Maria tinha até ganhado um bercinho de uma das donas pra quem ela lavava a roupa. Era usado, mas estava conservadinho.

Lá no interior, muitas mulheres ainda pariam em casa, então Maria se sentia privilegiada porque seu filho ia nascer num hospital.

Foi um dia puxado! Maria lavou três trouxas de roupas naquele dia. Estava escadeirada!

Já era tarde da noite e José ainda não havia chegado. Era véspera de feriado em fim de ano e o patrão dava pressa no serviço, e todo mundo tinha que trabalhar até mais tarde, e nem ousava reclamar, pois ele havia prometido uma cesta básica pra cada um, e todo mundo queria fazer por merecer aquele agrado.

A dor lombar de Maria incomodava cada vez mais, e a vizinha do puxadinho ao lado, que já tinha 5 filhos, falou com Maria que era seu rebento chegando. A pobre pegou sua carteirinha do SUS e pé na estrada. Ficou no ponto de ônibus até José chegar, e a essa altura já se contorcia de dor.

Chegado ao Hospital não havia vagas, pois em noite de Natal o movimento era grande e o hospital lotava, eram pessoas acidentadas pois haviam bebido muito e dirigido ou vítima desses irresponsáveis inconsequentes, haviam os que se envolveram em brigas, e até os que se excederam na comida.  Então mandaram que José a levasse pra outro, e eles tiveram que prosseguir.

No outro hospital, quando José falou com a atendente da portaria, ela disse a ele que não havia médico de plantão naquela noite, pois todos estavam festejando com suas famílias, e mandou irem para outro hospital, longe dali. E eles foram. Nesse José nem careceu de pedir atendimento, havia na porta, abaixo de uma guirlanda e entre outros enfeites natalinos, uma placa avisando que não havia material necessário para nenhum tipo de atendimento. Procurando outro hospital foi lhes informado que os médicos estavam em greve por melhorias nos salários, portanto não havia atendimento.

Maria já não aguentava mais, não podia dar mais nenhum passo, e José já não tinha nem dinheiro nem “passe” para ir para outro lugar, nem mesmo para voltar para casa.

Uma faxineira que trabalhava no hospital se compadeceu do sofrimento de Maria e José e lhes abrigou no almoxarifado do hospital, que elas usavam também como vestiário.

Maria mal chegou ali e sentada no chão mesmo pariu seu filho, em meio a vassouras, sacos de lixo e materiais de limpeza, mas com uma dignidade de caráter tão grande que iluminava aquele lugar sujo. José com os olhos brilhantes não se conteve de alegria e derramou lágrimas sobre o mais novo brasileiro a padecer as agruras do sistema, e pegando seu filho no colo, perguntou à esposa:

- Como iremos chamá-lo? Eu pensei em Natalino, por causa da data.

Ao que Maria, a mulher simples e ignorante nos estudos e catedrática nas relações frias das desigualdades sociais respondeu:

-Eu pensei em Jesus. Pois o pastor do rádio conta a história dele, e disse que ele nasceu numa manjedoura porque não havia lugar para sua família na hospedaria. Sua vida foi difícil, mas mesmo assim ele não deixou de fazer o que tinha que fazer, e é o espírito Dele que deve estar no nosso menino, pois esse tal de espírito de Natal aí que as pessoas festejam, eu não quero pra “sinhô ninguém”.

Um feliz Natal pra você e toda sua família e o que espírito do Senhor Jesus esteja em você todos os dias do ano!

Um grande abraço.
Brunna Stefanya Leal Lima Cabral
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