Havia no
reino do Norte, um gigante guerreiro. Destemido, era conhecido por ser um grande
conquistador que fazia jus ao seu nome: Valente. Ele colecionava vitórias. Já
havia conquistado muitas terras e povos para o seu reino e seu objetivo era
expandi-lo até o sul.
O gigante
Valente saiu em direção às terras do sul, rumo a um pequeno lugar chamado
Harmonia.
Harmonia era
conhecida por sua agricultura e toda cultura do solo, como seus jardins,
pomares e hortas. O povo desse vilarejo
era pouco, de pequena estatura, e frágeis, e definitivamente não sabiam lutar.
No entanto, esse povo era muito unido e apoiavam uns aos outros em tudo quanto
fosse necessário, quanto mais para defender Harmonia.
Apesar de não
ser um grupo grande, e de serem física e belicamente menos favorecidos, Valente
sabia que, no conjunto, os cidadãos de Harmonia eram praticamente imbatíveis,
por causa da união que os afamara. Esperto como só ele e grande estrategista,
Valente se pôs a estudar aquele povo, para descobrir como vencê-los.
Em seu
exaustivo estudo, Valente é interrompido por uma veloz borboleta, que
percebendo seus planos, lhe oferece uma solução:
- Eu sei como
você pode vencer esse povo.
E Valente
intrigado perguntou-lhe:
- E como
você, tão pequena borboleta, sem experiência alguma em batalhas, poderá fazer
isso?
Ela
respondeu:
- Dê me uma
chance e eu te mostrarei.
Valente, que
acreditava não ter nada a perder, disse à borboleta que fizesse então do seu
jeito.
A pequena
borboleta animada se enturmou com aquele povo rapidamente. Ela ouvia suas
conversas e participava de suas atividades diárias, e ficara tão íntima de
todos que já opinava em suas decisões.
A borboleta,
que inspirava confiança passou a ouvir confissões das pessoas de Harmonia, e
saber dos problemas de todos. E assim a borboleta voava de uma casa à outra.
Valente
assistia há alguns dias a rotina da borboleta no meio daquele povo, e pensava
ter perdido seu tempo, pois ela não fizera nada a não ser se tornar amiga do
povo de Harmonia.
Passado alguns
poucos dias, e algumas idas e vindas da borboleta, Valente percebeu que os
jardins e hortas de Harmonia se enchiam de ervas daninhas, as flores murchavam,
hortaliças secavam, nos pomares as frutas apodreciam nos pés, e as árvores eram
tomadas por pestes. Ao mesmo tempo, as pessoas de Harmonia começaram a brigar.
As pessoas
não sabiam se deveriam se defender diante das acusações das outras, ou acusá-las
também, e velhas amizades foram desfeitas, e confiança quebrada, e Harmonia
esfacelava-se no caos, e seu povo nem percebia.
Valente ficou
intrigado em assistir aquilo, e realmente ficou curioso pra saber o que a
borboleta fez e no que aquilo iria dar. Foi quando ela, a pequena borboleta,
voltou e se assentou junto à ele para assistir as pessoas se digladiando por
causa do mau que esta plantara.
O gigante
Valente não podia deixar de perguntar à ela:
-Afinal, o
que você fez?
E a borboleta
feliz e sorrindo, respondeu modestamente:
-Ah, nada de
mais! Apenas ganhei a confiança delas, o que não foi difícil, pois são pessoas
boas. Depois, dizia a uma o que a outra havia falado dela, e aumentava um
pouquinho, e quando não havia nada inventava. Como as pessoas confiavam em mim,
acreditavam no que eu falava, sem apurar a verdade.
E Valente
perguntou:
-Mas as pessoas
eram unidas, confiavam uma nas outras, e ainda sim acreditaram em você?
E ela
respondeu:
-Por isso me
uni a elas primeiro. Como já disse, eu ganhei a confiança delas.
Sem entender,
Valente insiste:
-Então você
nunca mereceu a confiança delas?
Mas a
borboleta lhe responde.
-Você está
começando a entender... E ela lhe explica:
-Uma coisa
leva à outra. O povo começou a contender entre si por causa das coisas que
ouviam a seu respeito, então os laços de confiança foram desfeitos, e a união
pouco a pouco dissipada, e rompido um elo apenas que seja de uma corrente, a
brecha se abre, daí você entra em cena: Eles são fracos, e estão desunidos, uma
batalha assim, você nunca irá perder.
-Olhe só para
essa terra. Olhe suas plantações, pomares, jardins e hortas. Está tudo acabado!
Você não destruiu apenas os relacionamentos entre as pessoas, mas tudo ao redor
delas. Eu não tenho mais interesse aqui. Para tomar esse vilarejo e estabelecer
o meu povo aqui nós teríamos muito trabalho para refazer tudo, e há solos que
mesmo com muito trabalho provavelmente nunca mais serão férteis.
E a borboleta
se despede então dizendo:
-O que você
vai fazer com essa terra é problema seu, mas eu cumpri o que prometi.
E Valente
diz:
-Realmente
cumpriu, mas você não me disse o que quer em troca do seu trabalho?
E ela
responde:
-Nada. Meu
pagamento é a semente que semeio. É a minha natureza semear.
E Valente lhe
faz uma última pergunta?
-Qual o seu
nome Borboleta?
Ao que ela
responde:
-Discórdia.
Semear discórdia nem sempre é uma consequência, às vezes é um exercício da própria natureza.
Caso deseje citar integral ou parcialmente este texto, favor citar a autora e a fonte, exceções conceituam-se plágio.
Brunna Stefanya Leal Lima Cabral
Caso deseje citar integral ou parcialmente este texto, favor citar a autora e a fonte, exceções conceituam-se plágio.
Não deixe de
votar abaixo expondo seu nível de satisfação com o texto.
Deixe
também seu comentário! Sua opinião é muito importante para que eu
continue escrevendo, e é uma grande motivadora.
Obrigada!
é esta borboleta é medonha, capaz de separar amizades. muito bom. lamarque
ResponderExcluir