quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Esperando a Resposta de Deus


Certa vez, eu aguardava o ônibus para ir para o Bairro onde eu trabalhava todos os finais de semana numa igreja. Era muito distante de onde eu morava, numa capital que eu mal conhecia. Eu tinha que pegar dois coletivos e já estava em cima da hora. Parecia que o ônibus nunca mais viria.
Quando vi um coletivo se aproximando com o nome do Bairro que eu iria, mesmo não sendo o mesmo que eu estava acostumada a pegar, entrei, pois o trocador me informara, de acordo com as poucas informações que forneci que o ônibus passaria pelo meu destino.
Eu sabia que como se tratava de outra linha, o percurso não seria o mesmo, e como era longe mesmo, eu iria demorar a chegar. Mas o caminho foi se alongando, e o ônibus se esvaziando, e cada lugar que eu passava mais estranho me parecia. Quando pedi informações ao trocador novamente, ele acabou me informando que houve um equívoco.
Àquela altura eu sabia que não chegaria mais a tempo, e a decisão agora era ainda mais difícil: descer e aguardar outro coletivo que me levasse ao mesmo lugar de onde viera ou aguardar que aquele em que estava percorresse toda sua rota dentro daquele bairro tão perigoso e desconhecido e retornasse ao seu ponto de partida, o que levaria horas.
Qualquer decisão era um risco, mais visto que minha impaciência foi imprudente, eu devia arcar com as consequências da minha escolha. Acabei descendo e pegando outro ônibus e no final voltando pra casa, pois já não adiantava pegar outro. Naquele momento, achei que o melhor a fazer era voltar ao meu ponto de partida, e graças a Deus consegui. Essa pode ser a melhor decisão em muitos momentos, mas dificilmente após tomar o rumo errado haverá meios de voltar para o ponto de partida.
Toda escolha envolve consequências, e aguardar a resposta do Senhor envolve paciência. Essa situação que vivi me fez pensar nisso.
Ás vezes quando busco o Senhor e anseio Dele uma resposta, me sinto como que no ponto aguardando um ônibus, e nem sempre ele vem rápido. Em certos momentos parece que ele nem vem. A questão é que todo mundo que aguarda um ônibus precisa saber que nada podemos fazer a não ser esperar.
Insistir em esperar é uma opção. Correr o risco de pegar um alternativo também. Mas a consequência da escolha feita é que é inevitável, quer seja boa ou ruim.
A espera pela resposta de Deus pode ser a própria resposta que precisamos. Pois a espera exercita nossa fé e paciência e nos faz refletir se é aquilo mesmo que queremos e o quanto nos interessa a direção de Deus na decisão a ser tomada.
Subir no primeiro ônibus, mesmo sabendo que não é o seu é um atitude de autossuficiência e desprezo pela direção do Senhor que pode estar apenas desejando que você aguarde um pouco mais ou que se certifique de sua escolha.
Esperar pode ser muitas vezes até angustiante, mas agir por impulso pode ser ainda mais doloroso.
E quando Deus nos reserva apenas o silêncio? A resposta é agir conforme Sua palavra, entendendo que a tua oração requer de você uma ação que você já sabe que precisa tomar, mas titubeia aguardando de Deus orientações muito precisa, por medo, covardia ou até comodismo.
A intimidade com Deus através da própria oração é que nos guiará a resposta que aguardamos. Pois ela simplesmente pode ser aja, ou você já sabe o que fazer.
E a bem da verdade, em muitas situações, ainda que a resposta do Senhor venha, agiremos conforme nossa própria vontade. De nada adianta aguardar no ponto e tomar o ônibus errado.
Eu continuo errando nas minhas escolhas, infelizmente. E nunca sem tropeçar, isso é bem certo. Mas hoje tenho plena certeza que esperar no ponto é muito mais seguro, mesmo que a demora seja longa... Precisando de companhia no ponto?

“Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do SENHOR”. (Lamentações de Jeremias 3:26 )

Brunna Stefanya Leal Lima Cabral
 
Caso deseje citar integral ou parcialmente este texto, favor citar a autora e a fonte, exceções conceituam-se plágio.
 
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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Desanuviando...


Tenho visto o céu tão enegrecido. Rudes nuvens se apropriaram dele.
Não há sol. Não há lua. Nem estrelas.
Se ainda criança, eu me deitaria sob esse teto sombrio e decifraria das nuvens seus desenhos, e entretida, mesmo movendo só os olhos e quando muito mãos e dedos, avançaria no tempo sem perceber. Tão logo, no céu onde buscara astros e não encontrara, então buscaria as nuvens que parecera terem sido sugadas por eles.
E tal qual uma criança ainda, buscaria nas estrelas formas e teceria histórias.
Quando morei na Paraíba, aprendi com o querido povo nordestino* um termo que nunca mais vou esquecer: desopilar. Nunca havia ouvido essa palavra antes aqui no sudeste, e talvez nunca entenderia tão bem seu sentido aqui.
Lá, no pouco tempo que morei fora do internato da instituição onde estudava, aproveitava todos os dias, ao cair da noite, para sentar-me frente ao mar para orar. Foi aí que melhor entendi essa expressão.
Há várias acepções para o termo desopilar, entre elas: desobstruir, despreocupar-se ou aliviar-se. Comumente eu ouvia aplicado com esses sentidos mesmo. As pessoas diziam coisas como: - Estou precisando desopilar a mente, e por aí. Eu entendia que queria dizer muito mais, como desestresse, descarrego, se desfazer do peso das preocupações e/ou empecilhos.
Quando eu sentava na praia, e de olhos bem abertos conversava com o Senhor, eu conseguia enxergar com o coração mais leve o céu, fosse ele anuviado ou estrelado. Não havia importância, pois de qualquer forma que o visse ainda era possível enxergar beleza nele, pois o importante era o céu que estava ali, ainda que as nuvens o encobrissem, ou as estrelas o sitiassem, ele ainda estava ali e era maior do que qualquer criação de Deus que meus olhos pudessem enxergar, até mesmo o mar.
Ao final, eu conseguia voltar para casa realmente vazia das preocupações que me angustiavam porque eu conseguia focar no que realmente interessava, e desfrutava de uma gostosa intimidade com Deus por causa disso.
Se olhando para o céu houver nuvens, sorria e prossiga, mesmo sabendo que elas escondem os astros e podem trazer chuva. E se olhando para o céu encontrar sol, lua ou estrelas não se distraía com eles porque são só adereços para o céu.
Então eu acabei entendendo que desopilar era desfazer do que me preocupava e assim obstruía o caminho que eu pleiteava seguir. Que era simplesmente contemplar com serenidade as dificuldades e distrações que se apresentariam entre mim e o que eu queria. Então desopilar poderia ser contar estrelar ou desenhar com nuvens, correr da chuva, contemplar a lua, me esconder do sol, tudo isso sabendo que o céu ainda estaria ali.
Salomão, em Eclesiastes escreveu: “Ainda que o homem viva muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo, deve lembrar-se de que há dias de trevas, porque serão muitos...”(Eclesiastes 11:8) . Sim, os dias de trevas serão muitos, mas não serão os únicos, haverão outros: Chuvosos, ensolarados, estrelados, enluarados, mistos... Mas e aí, quando olharmos para o céu, o que vamos ver? Ao menor sinal de nuvens no céu vamos correr da chuva que nem sabemos se virá? Melhor desopilar...
Desopilar é a espera tranquila do desanuvio, pois o céu, ainda estará lá.

*a generalização é devida ao fato de eu ter convivido com pessoas de todos estados da região

Brunna Stefanya Leal Lima Cabral
 
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terça-feira, 16 de outubro de 2012

A Menina e o Coelho


Virgínia era uma esperta menininha da cidade grande, ingênua e doce. Tinha apenas 5 anos, os quais passara observando o mundo através da janela do seu apartamento em uma grande metrópole. Ela estava ávida por conhecer o novo mundo que se apresentava para ela ante a vida no campo.
Seus pais resolveram trocar a vida urbana pela rural, pois haviam comprado uma fazenda.
Logo que chegou na fazenda, a garotinha quis conhecer todos os animais que nunca vira antes em sua vida, a não ser em revistas, livros, TV ou outros. Ela gostou de todos, mas se encantou mesmo foi com um bichinho branquinho, peludo, de orelhas grandes e olhos vermelhos. E Virgínia logo perguntou:
- Que animal é você, fofinho?
O coelho, orgulhoso como era, não acreditava que a garotinha não conhecesse um coelho. Ele aproveitou que estava sozinho - pois a coelha estava em outra parte da fazendo com seus filhotinhos recém-nascidos – e respondeu cinicamente à garotinha:
- Eu sou um macaco!
Virgínia tão pura e crédula lhe fala:
- Já ouvi histórias de macaco, mas nunca havia visto um, nem mesmo em fotos.
Mas o coelho mais ainda se indignou com a pouca fama de sua espécie entre as crianças da cidade grande, que completou:
- Eis então o primeiro! E ao vivo e a cores!
Virgínia ficou encantada por conhecer um macaco, e como se afeiçoara por ele, passou a visita-lo todos os dias. E o coelho manteve sua identidade de macaco, e assim se relacionou normalmente com a menina.
Cada dia mais a menina gostava mais do seu amigo macaco, e meses se passaram, até que um dia, os pais de Virgínia lhe falam sobre um torneio anual que havia na pequena cidade próxima à fazenda, onde havia uma competição de animais de diversas espécies, entre eles: coelhos. Seu pai então lhe falou:
-Filha, vamos inscrever seu amigo coelho na competição, para que você o leve. O antigo dono da fazenda ganhou vários prêmios com ele.
A menina sem entender então respondeu:
- Se houvesse uma competição para macacos eu iria.
Os pais acreditando ser coisa da imaginação fértil de uma criança, só riram, e a mãe disse:
- Não filha, não há competição para macacos.
Os pais não insistiram com Virgínia, pois não sabiam que ela não distinguira um coelho de um macaco, e também não estavam muito empolgados com essas competições que haveriam. Só se interessavam mesmo em assistir o evento e passear juntos.
Virgínia então foi correndo ao macaco que apelidara de Floquinho(assim como muitas crianças gostam de nomear os coelhos) e contou sobre a competição da qual seus pais falaram. De repente os olhos do coelho brilharam e as lembranças em sua mente o fizeram viajar, e ele se dera conta de quem era, e o que estava fazendo, então desabafou:
-E se eu te disser que sou um coelho Virgínia?
E a garotinha gargalhou:
- O que é isso Floquinho? Você é um macaco!
- Não Virgínia, eu menti pra você: eu sou um coelho!
- Não, você é um macaco. Porque resolveu agora ser coelho?
- Porque eu sou um coelho!
- Você é um macaco!
- Coelho!
- Macaco!
- Coelho!
- Macaco!
E a discussão durou um bom tempo, e Virgínia não convencera Floquinho de que ele era um macaco, e nem ele a convencera de que na verdade era um coelho.
Anos se passaram, Virgínia foi à escola, cresceu, e descobriu que realmente Floquinho era um coelho, mas aí já era tarde demais. Porém no fundo, ainda há a suspeita de que Virgínia ainda desconfie da verdade...
Às vezes mentiras são sustentadas por tanto tempo e com tanta “veracidade”, que as pessoas duvidam da verdade quando ela é dita. E as pessoas que mentem por muito tempo acabam sendo vítimas de suas próprias mentiras. Algumas se envolvem tanto nelas, que tem dificuldade para discernir a verdade da mentira, pois passam até a acreditar nela.
E afinal, o que leva alguém a contar a verdade após tanto tempo alimentando uma mentira: a dor do outro ou o prejuízo para si próprio?
Veja o exemplo do poeta Fernando Pessoa. Ele tinha vários heterônomos, e ainda há estudiosos que acreditam que o próprio nome Fernando Pessoa era também um deles.  Um de seus heterônomos, Álvaro de Campos, assina o poema Tabacaria, no qual, descreve a perda da própria identidade ao sustentar uma mentira. Um conflito que se acredita que ele realmente vivia, baseada nos seus múltiplos heterônomos. Veja um trecho:
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.

(...)Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.

Leia o poema Tabacaria, de Fernando Pessoa, na íntegra: http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/456.php

Brunna Stefanya Leal Lima Cabral
 
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sem Fé Para Receber


Tenho pensado ultimamente sobre fiéis que vão até o mar levar oferendas a Iemanjá, outros crédulos que convictos em sua crença ofertam galinhas em encruzilhadas, flores, frutos, ervas, e tantas outras coisas. E percebo neles uma coisa em comum: a fé.
É obvio que se trata de crenças e religiões distintas, e cultos bem específicos, mas o que me impressiona neles, que nós, crentes em Cristo, muitas vezes não temos é essa confiança.
Tudo bem que as oferendas remetem à ideia - e realmente essa é a crença – de que o favor gera o mérito, e sabemos que nada do que façamos nos tornará merecedores da graça de Deus, que é dada por Ele única e exclusivamente por seu amor, que nos alcança por sua misericórdia(Efésios 2:8-10), mas a confiança que é depositada naquele que concederá o bem, traz uma incrível esperança e acalento para o ofertante.
É como se junto com a entrega da oferenda fosse descartada a insegurança, o ceticismo, a ansiedade, e todo pensamento negativo, e pra casa voltasse somente a certeza de que o pedido será concedido, e a única incerteza é o quando. Eles pedem porque creem e assim esperam. No final é tudo uma questão de tempo!
Infelizmente, é muito comum entre nós cristãos, orar por orar. Pela mera obrigação mental(aquela que nos mesmos nos impomos para alívio da consciência), porque nem nos acreditamos na possibilidade de receber aquilo que pedimos. Tiago escreveu sobre homens assim, advertindo que nada recebem do Senhor dessa forma, e os chamou de inconstantes.
Paulo também escreveu aos Romanos: “Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos”(Romanos 8:25). Nesse texto Paulo descreve sobre a esperança da salvação, na qual fomos salvos, e descreve essa fé como esperança, dizendo: “...pois o que alguém vê, como espera?”(Romanos 8:24).
E nós, que sabemos e cremos que não precisamos ofertar nada material ao Senhor para receber Dele aquilo que rogamos, porque não nos desfazemos de nossas ansiedades, incertezas, medos, inseguranças...? Queremos um sim do Senhor, enquanto dizemos a Ele não.
Com Deus não existe permuta. Nem mesmo a fé uma oferta. Ela é o laço que mantêm saudável o relacionamento com Deus, é o que o gera e sustenta.
A fé não é confiança cega, pois não é despida de razão, só não é uma crença palpável, pois cremos num Deus sobrenatural que rege com maestria o universo e a vida de cada um.
Enfim, a nossa fé simplesmente não nos trará um sim de Deus, mas descansará nosso coração e nos fará receber ainda com louvor seu não, acreditando que Ele nos dará uma resposta melhor do que a que nós esperamos, pois até no sofrimento devemos ser gratos(I Tessalonicenses 5:18).
Tenha fé meu querido!
 

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