É profundo meu descontentamento com a educação sob o prisma capitalista(não
necessariamente com o capitalismo em si) e o culto à ignorância que vivemos em
nossos dias.
A
televisão é denominada veículo de cultura democrático(levando
em conta que a acepção para o termo aqui seria de “acesso igualitário de
todos”). Não se pode negar que hoje, ela é acessível tanto a elite quanto aos
proletários, muito menos que ela dita regras e valores à sociedade
hodierna. Mas dizer que ela veicula
cultura me causa repulsa.
Falamos
da TV pela acessibilidade, porém às mídias em geral se infere tal
responsabilidade.
Entendendo
a cultura como autonomia do indivíduo, produção e criação de valores e sistemas
para que ele se estabeleça na sociedade, e sua ação efetiva nela, eu tenho que
repudiar tal ideia.
A Mídia
não é formadora de opinião, e sim massificadora dela. Ela assesta valores,
estabelece padrões éticos, estéticos e morais, e difunde sua reprodução.
A ideia
capitalista é justamente essa, através do domínio da opinião, inclina-se os
povos para onde bem quiser, como bem defendido outrora por Bourdieu¹. Somente
através da educação é que essas algemas são quebradas. Pois ela liberta o
oprimido de seus algozes pela formação de senso crítico e analítico, instiga à
independência, e o induz a estabelecer aferidores segundo seus próprios
valores, ou seja, ela veicula a democracia.
Nos
tempos da ditadura, a maior arma do povo era o conhecimento. Através do
entendimento e crítica sob o sistema estabelecido, as pessoas não se submetiam
às leis dominadoras e aniquilação da democracia. Essa é a pior guerra: Lutar
contra o pensamento do povo.
O que se
vê hoje é que as pessoas tem uma opinião em comum, que não é propriamente sua,
e não tem argumento para fundamentá-la, nem contestá-la.
A
reprodução social se tornou um rito na sociedade moderna que cultua a
ignorância. Ao invés de entendermos a massificação da opinião como opressão da
sociedade dominadora - pois ela é estendida aos pobres e indoutos -, entendemos
que a cultura de elite, por ser privilégio de poucos, é separatista física e
economicamente - não filosófica e intelectualmente -, e tal diferença gera do
leigo para com o culto, discriminação. Associamos intelectualidade à riqueza e
arrogância, e ignorância à simplicidade e humildade. Na falta de equilíbrio
destas visões está o descontrole das relações de interdependência e autonomia,
e assim a desestabilização da sociedade como conjunto e dos seus integrantes.
O que as
mídias nos trazem não é a possibilidade de libertação da escravidão mental pela
educação e cultura, mas sim o aprisionamento ao sistema hierárquico e
propagação do sentimento anarquista, aniquilando a possibilidade de sujeição à
ordem, e submetendo o povo ao sistema.
Uma
confirmação do que proponho é a escassez de padrões gerais e diversidade
excessiva de padrões específicos. Os padrões gerais a meu ver é o que regimenta
a ação individual em relação ao coletivo e o próprio coletivo(padrão estético-
belo/feio, moda, etiqueta, etc.). Já os padrões específicos são os pessoais, os
valores próprios de cada um(tipos de relacionamento, sexualidade, modelo
familiar, quantidade de filhos por casal, religião, etc.). Isso nos alude a
inconstância por inconsistência.
Nenhum
indivíduo é determinado em seu comportamento por seu contexto social, pois
nenhum homem está alienado a ele, pelo contrário ele o transforma na medida em
que é transformado por ele e vice-versa. Porém, a dominação nasce da
subordinação a um governo, ou provedor de valores, e submeter-se às regras
ditadas pelas Mídias sem um apurado e crítico crivo, reproduz seres alienados
em série. E assim a ignorância é cultuada, por indivíduos que se curvam aos
seus pés.
Tinha que ser a Mafalda mesmo...rs
Caso deseje citar integral ou parcialmente este texto, favor citar a autora e a fonte, exceções conceituam-se plágio.
Brunna Stefanya Leal Lima Cabral
Caso deseje citar integral ou parcialmente este texto, favor citar a autora e a fonte, exceções conceituam-se plágio.
¹Pierre Félix Bourdieu importante socólogo francês. Filósofo de formação. Chegou a docente na École de Sociologie du Collège de France. Desenvolveu, ao longo de sua vida, diversos trabalhos abordando a questão da dominação e é um dos autores mais lidos em todo o mundo nos campos da Antropologia e Sociologia, cuja contribuição alcança as mais variadas áreas do conhecimento humano, discutindo em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística e política. Também escreveu muito sobre a Sociologia da Sociologia.(Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bourdieu - Acesso em: 26 de Junho de 2.012 )
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